Wednesday, March 29, 2006

Mãos à OPA

Oupas!, também vou fazer uma OPA! Tenho já tudo montado. A minha Oferta Pública de Aquisição (OPA) irá ser apresentada sobre a Catherine Zeta Jones. Sou, por um lado, quem se encontra nas melhores circunstâncias para lhe fazer o aproveitamento mais acertado e, por outro, quem lhe garante a sua maior rentabilização. Não há qualquer tipo de intenção especulativa nesta OPA, como poderão ver mais à frente, quando detalhar os trâmites da operação.
Em primeiro lugar a OPA só será realizável se o Michael Douglas prescindir ou vender a sua posição Golden Share sobre a Catherine. Não é de todo razoável que um sócio minoritário conduza os desígnios da mesma, muitas das vezes de forma discricionária, pouco informada e irresponsável.
Muito bem, vou abrir o jogo. Não faz sentido não o abrir quando a operação que me proponho realizar é sobre a Catherine. Se esta minha OPA for para a frente prometo equilibrar as coisas para que a Autoridade da Concorrência (AdC) não encontre motivos que julgue molestarem às leis do livre e sano mercado. Então será assim: Haverá uma primeira fusão entre a Catherine e a Scarlett Johansson objectivando a amenização dos extremos. Nem tanto ao mar nem tanto à terra, nem tanto no preto nem tanto no branco. Sei que desta fusão resultará um oligopólio em termos de voluptuosidade o qual pretendo enrijecer, tonificar e elevar no que à média de alturas concerne, com uma outra fusão, após o primeiro ano e de forma mais suave, com a mulher do gás (se alguém souber o nome da menina que me ajude… quero iniciar os contactos). Esta última operação só será exequível após a afinação da transacção Catehrine/Scarlett e sempre pendente do seu bom desempenho.
Em termos de garantias para o decurso equilibrado desta OPA poderei ter que proceder à feitura de uma Oferta Pública de Venda (OPV) sobre a Nicole Kidman. Da OPV Nicole prevejo um encaixe que me dará para financiar de imediato metade da OPA Catherine. Terei que recorrer a empréstimos, como é óbvio, para financiar o outro tranche da OPA, passivo esse que prevejo saldar no curto prazo. Bem… Porque se encontra a um juro muito em conta, baixo diria mesmo, apresento a Jennifer Ariston como uma das garantias ao credor. Se for preciso recorro também a uma Uma Thurman por considerar que há no mercado empresários que podem fazer muito melhor do que aquilo que eu sou capaz de fazer por ela.
Já ponderei também numa possível contra OPA por parte da Catherine. Se ela se propuser a comprar alguma parte de mim, aceitarei sem quaisquer restrições e a OPA inicial será de imediato cancelada. Esta possibilidade é no entanto muito improvável porque acredito que os valores que me proponho a oferecer nesta OPA tornam-na irresistível. Por outro lado, muito dificilmente aparecerá alguém capaz de fazer uma proposta (OPA concorrente) mais séria, credível, com estrutura e futuro, e de longo prazo como esta que eu aqui apresento. Devido às circunstâncias em que a faço, e porque informei previamente todos os principais interessados, tenho a certeza que a Catherine não a encarará como uma OPA hostil.
Saudações, e fico a aguardar, com a calma que me é reconhecida, o parecer da AdC.

Monday, March 20, 2006

Quando dei por mim...

“Quando dei por mim já estava apaixonada”, diz a minha amiga, com ares de quem está realmente de rastos por um amor não correspondido. Pus-me a pensar no facto e de facto tem muito que se lhe diga. Acho que qualquer advogado aceitará defender esta grande amiga no tribunal social. É um caso de argumentação ultra fácil, afinal, ela só deu por si quando já estava apaixonada. Não estar no seu perfeito juízo ou estar alienado da realidade iliba qualquer um de uma pena, seja ela qual for. Ela não tinha dado por si e quando deu já o facto estava consumado: Deu por si apaixonada.

Este “quando dei por mim” já ilibou muito boa gente: Quando dei por mim, vi, na minha frente, aquela que dizem ser minha mulher, estendida no chão a sangrar com duas facadas no vente e três nos pulmões...; Quando dei por mim, tinha estourado todo os haveres que ao longo dos anos o meu pai fora amealhando...; Dei por mim dentro de uma baneira com gelo enquanto, no enorme espelho da suite, uma mensagem escrita em batom vermelho avisava-me para não sair do gelo até que uma equipe médica chegasse. Porra!, dei por mim sem os dois rins.

Neste “dar-se por si”, o rapaz que a fez apaixonar-se sem que ela desse por ela é que é um verdadeiro malandrote que merece a cadeia e todos os apupos sociais. É que julgo ser de fácil percepção para qualquer homem que se preze sentir que uma mulher está a apaixonar-se sem estar a “dar-se por si”. Só um rapaz muito mal intencionado, como foi o caso, é que deixaria uma situação destas acontecer, ou, nos casos mais extremos, conseguiria tirar algum tipo de partido dela, sem lhe pôr travão.

Anda muita gente neste mundo que ainda não “se deu por si”. Vivem vigilantes para não acordarem, para não “darem por si”. Quantas vezes não fazemos ou evitamos fazer as perguntas devidas para não escutarmos a fatalidade de algumas respostas merecidas? Uma fatalidade que o único mal que nos faz é acordar-nos para a realidade, é fazer “darmo-nos por si”.

É este “dar-se por si” que faz girar o mundo, ainda que, por vezes, seja numa rotação em sentido contrário. Só aos pulos se avança! A minha amiga pode estar muito mal mas deu por si quando quis ouvir as respostas que havia para ouvir mesmo na ausência perene das suas perguntas. Para se “dar por si”, este “si” que só nos traz uma coisa tão fatal como a realidade, existe uma e só uma receita, muito simples pelo sinal: Fazer as perguntas certas - Muitas vezes nem é preciso perguntar, basta observar.

No caso desta amiga, só tem é que estar feliz: “Deu por si apaixonada”. Há quem dê por si morto, com uma trombose, entrevado numa cama, paralítico, político!, etc. Eu, que nunca morri mais do que nos momentos em que me finjo morto, acho que acordar morto deve ser muito pior, ainda que menos doloroso, do que “dar-se por si” apaixonado. Mas, porque não sou alguém para achar o que quer que seja, dos dois “dar-se por si” que venha o diabo e escolha!

Monday, March 13, 2006

O diário e o razão



Despesas de representação e outros custos com o pessoal: - 32 €


Prospecção do mercado: - 8 €

Investigação e Desenvolvimento: - 15 €


Inovação no segmento de mercado Dinamarquês (Saco azul): + 50 €

A transportar: -5 €

(Barcelona, 2006)

Friday, March 03, 2006

Quem És Tu, de Novo

(Le Creusot, França 2006)

Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?
Jorge Palma